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A Internet dos tomates

A Internet dos tomates

A Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) é um dos assuntos mais comentados na indústria e no meio acadêmico. Já abordei nesta coluna alguns dos diversos aspectos sobre esse importante e emergente conceito que envolve uma integração nunca antes vista entre todas as áreas do conhecimento, apoiado, obviamente, pela Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). A IoT consiste em usar sensores que captam informações diversas do ambiente físico, enviam-nas a um ou mais computadores por meio da internet e, finalmente, usando todo o poder de processamento dos computadores e servidores e também aplicando conceitos de inteligência artificial, esses dados são processados e armazenados, gerando grandes quantidades de informações e conhecimentos estratégicos importantes para qualquer tipo de organização. As aplicações são infinitas, e muitas empresas gigantes de todas as áreas estão investindo pesado nessa que promete ser a nova “galinha dos ovos de ouro” das inovações do presente e do futuro.

Nos EUA, a empresa Analog Devices, atuante em soluções tecnológicas nas mais diversas áreas há mais de 50 anos, está revolucionando o conceito de Smart Agriculture ou Agricultura Inteligente. A empresa, em parceria com fazendeiros de uma região localizada no nordeste dos EUA conhecida como Nova Inglaterra (que inclui os estados de Connecticut, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont), está desenvolvendo uma aplicação baseada em IoT que promete aumentar a produtividade, os lucros e a qualidade dos tomates produzidos na região. De acordo com o site da empresa, o processo de desenvolvimento dessa aplicação iniciou-se com uma parceria entre os seus engenheiros e os fazendeiros de tomate da região. Eles discutiram quais seriam as características ideais do fruto, tais como sabor, aroma, cor, tamanho, acidez, entre outras, e, principalmente, quais seriam as intervenções recomendadas para que tais características fossem alcançadas durante o cultivo. Após entender a arte de plantar e fazer crescer tomates, o próximo passo foi instalar um conjunto de sensores pela lavoura a fim de captar dados do ambiente, tais como humidade, temperatura, luminosidade e outros fatores importantes que interferem no crescimento do fruto. Os dados captados pelos sensores são enviados a um servidor que armazena e processa esses dados, assim os fazendeiros podem acessar em tempo real as informações por meio de tablets e smartphones e realizar intervenções, como irrigação, alterações no solo, entre outras, para atingir o perfil desejado da fruta. Os dados armazenados no decorrer do tempo formarão uma base de conhecimento que poderá ser compartilhada com outros fazendeiros e, principalmente, ser usada nas safras futuras visando atingir o “tomate perfeito”. Aplicando conceitos de Inteligência Artificial, será possível aprender sobre o fruto e o ambiente em questão, simular situações climáticas, cenários hipotéticos e outras atividades que auxiliarão os fazendeiros na tomada de decisão.

A Agricultura Inteligente promete aumentar o lucro dos produtores, diminuir a dependência de defensivos agrícolas, reduzir custos operacionais, otimizar o uso da água e garantir um melhor manejo do solo e da rotação de culturas. Num futuro não tão distante, até mesmo as intervenções dos fazendeiros serão feitas de maneira automatizada, cabendo ao homem a simples tarefa de monitoramento do ambiente e, obviamente, a deliciosa tarefa de degustar tomates e outras frutas e legumes. A IoT vai tirar o seu emprego? Isso é um assunto para um próximo texto! Até lá!


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 30 de julho de 2017.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!