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A Google sabe onde você estava na semana passada.

A Google sabe onde você estava na semana passada.

Com o advento da web, a privacidade se tornou apenas uma palavra no dicionário, pois muitos dos usuários da grande rede não fazem questão de mantê-la, e outros sequer sabem que todo o seu comportamento durante a navegação está sendo monitorado. Tudo o que você busca, posta, comenta, curte e compartilha diz muito sobre você. Dessa forma, as empresas usam esses dados a fim de veicular anúncios e oferecer produtos de acordo com o seu perfil. Google e Facebook são dois dos principais “Big Brothers” e ganham muito dinheiro com isso. Até aqui nenhuma novidade, não é mesmo!? O que pouca gente sabe é que a Google consegue saber exatamente quando e onde você esteve, mesmo que o dispositivo GPS do seu smarphone Android esteja desativado, o que levantou a mais antiga e persistente polêmica da era da internet: onde está a privacidade?

Desde sua fundação, um dos pilares da Google sempre foi a inovação. Assim, além de adquirir startups promissoras durante sua jornada, a empresa instituiu uma forte política de incentivo à criatividade, seja na criação de software ou hardware. Assim, nasceu o Android, o sistema operacional para dispositivos móveis mais usado em todo o mundo.

Com o Android, a Google rompeu os limites do software e passou a nos acompanhar diuturnamente. Dessa forma, além de saber exatamente o que somos e o que queremos segundo nosso histórico de busca, a empresa passou a ter acesso ao nosso percurso, onde estamos e, com uma boa dose de tecnologias, prever aonde iremos. Claro, para que isso seja possível, é necessário que o dispositivo GPS do smartphone esteja ativado, certo? Errado, pois é possível usar dados da rede de telefonia móvel, tais como posição das torres, velocidade de transmissão, posição do dispositivo utilizado, entre outros, para identificar com certa precisão a posição geográfica do usuário. Assim, quando o dispositivo se conecta a uma rede Wi-Fi, os dados são enviados aos computadores da Google.

Quando confrontada sobre essa questão, a Google admitiu que iniciou o processo de coleta de dados de localização dos usuários no início de 2017 visando melhorar a velocidade de envio de notificações do tipo push, aqueles alertas que os aplicativos emitem quando alguma informação chega pela rede, como as mensagens do WhatsApp. Entretanto, para alguns especialistas, essa explicação não é convincente o bastante.

A grande polêmica aqui é que essa prática da Google gera diversos problemas para quem faz questão de manter sua privacidade, principalmente quando isso pode significar vida ou morte. Funcionários do Judiciário que aplicam leis, policiais que prendem transgressores, vítimas de violência doméstica, testemunhas de crimes e diversas outras pessoas que necessitam de privacidade podem correr sérios riscos. Mesmo que as informações da Google sejam criptografadas, se esses dados forem vendidos a terceiros, e estes, por sua vez, apresentarem falhas de segurança em seus computadores, tais informações podem cair em mãos erradas, colocando vidas em perigo. Há muitos que defendem que a Google deveria continuar com tal prática, pois informações de localização de pessoas poderiam ser úteis na localização de criminosos e planejamento de políticas públicas. Entretanto, penso que o envio desse tipo de informação deveria ser opcional, ou seja, nós usuários deveríamos decidir se iremos revelar ou não o itinerário nosso de cada dia.

Após o vazamento dessa informação pelo site Quartz, a Google admitiu tudo, porém anunciou que até o fim de novembro de 2017 deixaria de colher esse tipo de informação dos usuários. Será!?


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 17 de dezembro de 2017.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!