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O que é a Deep Web?

O que é a Deep Web?

Desde quando foi criada pelo físico britânico Tim Berners Lee no final dos anos 1980, a Web tornou-se uma das principais tecnologias da história. Os impactos que a WWW (World Wide Web) causou na sociedade contemporânea vão muito além da revolução causada nas comunicações, passando pelos aspectos comportamentais, sociais e, principalmente, econômicos. Entretanto, há muito mais na web do que realmente podemos encontrar por meios convencionais como os mecanismos de busca Bing, Google e Yahoo. Trata-se da Deep Web (“rede profunda”, em tradução livre), a camada mais “profunda” (e obscura) do gigantesco ecossistema digital criado originalmente por Berners Lee.

 A Deep Web é frequentemente retratada por uma foto de um iceberg em que cerca de apenas 30% estão na superfície (surface web– “superfície da rede”, em tradução livre). Os outros 70% compõem a parte “submersa” da rede, ou seja, a parte mais profunda que fica oculta aos mecanismos de busca, sendo necessários outros meios de navegação para acessar seu conteúdo. Essa rede oculta originou-se graças às forças armadas dos EUA, as quais desenvolveram o projeto The Onion Routing (TOR– “roteamento cebola”, em tradução livre), que faz alusão às múltiplas camadas dessa rede oculta. O referido projeto proporcionou iniciativas para a pesquisa e o desenvolvimento de sistemas anônimos de comunicação e não para de crescer desde quando foi liberado para uso não governamental em 2006.

Na Deep Web, a privacidade e o anonimato são os principais pilares, o que nos traz pontos positivos e negativos, diferentemente da web “convencional”, em que somos rastreados de diferentes formas, usando ou não nossos dados de acesso. Por exemplo, um grupo de cidadãos descontentes com um governo ditador poderia criar um grupo anônimo na Deep Web com o objetivo de criar uma guerra informacional a fim de derrubar o déspota. A identidade dos envolvidos poderia permanecer em absoluto sigilo. Na web, isso é praticamente impossível devido aos mecanismos que indexam informações e rastreiam usuários a todo momento. Por outro lado, criminosos também podem usar a Deep Web para praticar todo tipo de crime, como pedofilia, tráfico de drogas e órgãos, venda de armas e documentos falsificados, entre outros absurdos. Felizmente, segundo muitos dos seus usuários, esse lado obscuro da Deep Web representa sua menor parte, pois há muitas coisas legais e interessantes. Em 2011, o famoso grupo de hackers intitulado Anonymous ajudou a derrubar mais de 40 sites que faziam parte de uma rede de pedofilia que atuava na Deep Web.

Muitos usuários dizem que usam essa rede oculta não só devido à suposta garantia de anonimato e privacidade, mas principalmente pela liberdade de expressão e qualidade do conteúdo. Muitos afirmam que os fóruns de discussão são mais sérios e oferecem conteúdos realmente valiosos, diferentemente do que ocorre nas redes sociais, em que a maior parte do conteúdo é puro ruído, inútil ou tendencioso. O visual dos sites lembra o início da web dos anos 1990, ou seja, muito simples, poucas cores e nada de padrões de interface de usuário e, apesar de ser possível encontrar muita coisa para baixar, a maior parte do conteúdo ainda é textual.

Se você tem interesse em conhecer a Deep Web, é recomendável primeiro estudar todos os seus aspectos, principalmente os que dizem respeito à segurança. Depois será necessário preparar o seu computador com ferramentas que proporcionem proteção contra vírus e outros códigos maliciosos que, em sua grande maioria, nascem na parte obscura dessa rede. Há quem diga que a Deep Web não é lugar para leigos, não sendo recomendável para pessoas que não conhecem com certa profundidade aspectos técnicos da Tecnologia da Informação. Quer se aventurar? Cuidado!


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 23/12/2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!