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Empregos a prova do futuro

Empregos a prova do futuro

Sim, meus amigos, como os entusiastas do futuro previram, a tecnologia acabou com o trabalho pesado! Só que, diferentemente do que imaginávamos, ela acabou com o trabalho intelectualmente pesado.

Quem diria, mas, na era da Inteligência Artificial (IA), o profissional que passa o dia respondendo e-mails, alimentando planilhas e realizando trabalhos cognitivos repetitivos está mais ameaçado a perder o seu emprego do que o pedreiro que usa a mochila da Minnie!

De fato, a IA está transformando o mercado de trabalho com a delicadeza de uma tempestade. As profissões que envolvem tarefas repetitivas, previsíveis e cheias de regras são o alvo principal dos algoritmos que não pedem aumento, não reclamam do ar-condicionado e nem apresentam atestado.

No Brasil, de acordo com a consultoria LCA 4Intelligence, cerca de 31 milhões de empregos podem ser afetados pela IA. Desses, cerca de 5,5 milhões correm risco de desaparecer completamente, visto que são passíveis de automação total. Os mais expostos são justamente aqueles que envolvem tarefas rotineiras de escritório, atendimento ou operação de sistemas.

Por sua vez, os empregos que dependem de contato humano, improviso e emoção — como professores, enfermeiros, cabeleireiros, cozinheiros e até motoboys (que decifram o trânsito melhor que o GPS) estão bem mais protegidos.

Para provar isso, especialistas da área criaram o chamado “Teste do Café”, que consiste em um desafio hipotético: pedir para uma máquina preparar um café em uma cozinha desconhecida. Para nós seres humanos, basta abrir os armários, usar o olfato e o instinto, achar o pó, a cafeteira e a tomada escondida atrás da geladeira.

Para a IA, no entanto, isso é praticamente impossível, visto que ela não entende o contexto e não tem senso comum, ou seja, ela vê o mundo em fragmentos e, o mais grave, não sabe se orientar sozinha. Sim, ela pode ser a soberana dos cálculos no mundo digital, mas perde feio no mundo real, principalmente em ambientes desconhecidos e imprevisíveis.

“…o futuro pertence menos aos “formados em Excel avançado” e mais aos que sabem lidar com gente, enfrentar desafios e transformar problemas em oportunidades”

J. L. Gregório

Sendo assim, parece que o futuro pertence menos aos “formados em Excel avançado” e mais aos que sabem lidar com gente, enfrentar desafios e transformar problemas em oportunidades. Ter um emprego à prova do futuro não significa dominar código, planilhas ou ferramentas digitais, mas preservar o que há de mais humano: empatia, criatividade, trabalho em equipe, resiliência, sensibilidade cultural e, claro, bom humor para quando tudo der errado e ter que começar novamente…

Nesse contexto, penso que a grande missão da educação é preparar as novas gerações para não apenas usar a tecnologia, mas também viver com ela de forma crítica e inventiva, potencializando seus talentos e suas competências socioemocionais. O trabalho do futuro será marcado por uma cooperação, nem sempre harmoniosa, entre humanos e máquinas. Ainda assim, quem souber rir das falhas do sistema e reinventar sua profissão sempre terá espaço.

No fim das contas, a IA não vai acabar com o trabalho humano, mas com o trabalho sem propósito. A verdadeira profissão à prova do futuro é aquela que faz sentido, que exige empatia, improviso e presença, seja ela física ou virtual.

Então, se você sabe fazer café melhor que o da cafeteira, é um resolvedor de problemas, com ou sem ajuda da IA, e ainda tem um bom relacionamento com seus colegas de trabalho, parabéns, seu emprego está a salvo, pelo menos por enquanto!


Artigo publicado originalmente na coluna Fatecnologia, do Jornal “A Tribuna”, no dia 16/11/2025

Imagem em destaque gerada pela Inteligência Artificial Generativa Ideogram.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!