fbpx

Competências tecnológicas do professor do futuro

Competências tecnológicas do professor do futuro

As inovações tecnológicas sempre causaram profundas transformações na sociedade, nos mais diversos aspectos. Nos dias atuais, graças ao avanço das tecnologias e à conectividade proporcionada pela internet, a quantidade de informações e conhecimentos gerados e compartilhados pelo ser humano a cada dia é inimaginável. Especialistas dizem que o conhecimento humano deverá dobrar a cada 12 horas até 2020, o que nos coloca diante de grandes e imprevisíveis desafios. É importante destacar que todas as profissões estão sofrendo mudanças, e muitas delas certamente serão extintas nos próximos anos. Diante desse cenário, o professor, responsável por formar todos os outros profissionais, tem uma responsabilidade muito grande.

Obviamente, a constante capacitação é praxe de todo profissional da educação. Entretanto, no cenário atual, além da formação continuada, é necessário romper com o tradicional modus operandi, utilizando ferramentas tecnológicas e metodologias inovadoras dentro e fora da sala de aula. Nesse contexto, eu entendo que são necessárias três competências técnicas a todo professor que deseja se destacar nesse cenário altamente tecnológico e conectado. Foi-se o tempo em que o professor era o detentor exclusivo do conhecimento. Não é de hoje que os alunos são agentes ativos no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, professor e aluno devem possuir um relacionamento de parceria, em que ambos aprendem e ensinam.

As metodologias ativas de aprendizagem, que focam na autonomia do aluno, aliadas à aplicação de tecnologias de comunicação, podem fazer com que professor e aluno aprendam e evoluam juntos, como uma equipe. Nesse sentido, o professor faz o papel de mentor/orientador, enquanto o aluno se transforma em um pesquisador.  Portanto, a primeira competência do professor do futuro é ser entusiasta das novas tecnologias e metodologias aplicadas à educação. Ambientes de aprendizagem on-line, metodologias ativas, videoaulas, visitas técnicas, aprendizado baseado em projetos, ambientes virtuais colaborativos, entre outros. Enfim, não faltam alternativas.

“O ensino fragmentado oferecido pela maioria das escolas não faz sentido no mundo atual. O aluno precisa saber o que fazer com aquela informação ou conhecimento sob uma perspectiva de mundo e não apenas de sala de aula”.

A segunda competência é ser multidisciplinar. O ensino fragmentado oferecido pela maioria das escolas não faz sentido no mundo atual. O aluno precisa saber o que fazer com aquela informação ou conhecimento sob uma perspectiva de mundo e não apenas de sala de aula. No ensino profissionalizante, a multidisciplinaridade é algo natural, porém, de maneira geral, nos ensinos fundamental e médio ainda precisamos evoluir. O professor que domina uma área do conhecimento precisa saber como se relacionar e se integrar com outras áreas e professores. Nesse contexto, a criação de projetos multidisciplinares, apoiados por ferramentas tecnológicas, pode ser um diferencial. É necessário mostrar ao aluno que o verdadeiro conhecimento vem da integração e do relacionamento entre as diversas áreas. Portanto, o professor precisa estar disposto a pensar “fora da caixa” e, consequentemente, fazer com que o aluno tenha um pensamento mais crítico, amplo e integrado.

Finalmente, entendo que o professor do futuro precisa ser bilíngue. Sim, é necessário dominar pelo menos o básico de uma língua estrangeira, principalmente o inglês. É notório que as principais publicações científicas, documentários, sites de notícias, manuais e documentações de novas tecnologias são distribuídos, em sua grande maioria, em inglês. Assim, se o professor quiser manter-se atualizado, é necessário consumir conteúdo em inglês, principalmente por meio da leitura. Ademais, diante de um mundo globalizado, é bem provável que seja necessário ministrar aulas em inglês ou em outro idioma no futuro. É necessário estar preparado.

Em 2012, um dos membros do Conselho Nacional de Educação, o educador Mozart Neve Ramos, disse uma frase que, infelizmente, ecoa até os dias de hoje: “O Brasil tem escolas do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI”. A mudança deve começar com os principais agentes da educação: nós professores.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 14/10/2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!