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Breve história da música digital – Parte 1

Breve história da música digital – Parte 1

A transformação

Na era pré-youtubiana, o sucesso de um músico ou banda era mensurado segundo dois critérios principais: o número de cópias vendidas dos seus álbuns e o de execuções nas rádios. Alcançar números expressivos considerando esses dois critérios significava para os artistas mais shows, convites para eventos, contratos milionários de publicidade e outras oportunidades dentro do universo do show business.

No Brasil, até janeiro de 2004, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) concedia as certificações de acordo com o número de cópias vendidas: disco de ouro (100 mil), disco de platina (250 mil) e disco de diamante (1 milhão). Era comum os programas de auditório aos domingos realizarem cerimônias de entrega desses certificados, confirmando de maneira inquestionável o sucesso dos artistas contemplados.  

Entretanto, no início dos anos 2000, o mercado fonográfico foi sacudido com a chegada de três tecnologias que redesenhariam toda a indústria na década seguinte: o formato de áudio MP3, os aplicativos de compartilhamento de arquivos via internet e as mídias sociais. Assim, tornou-se possível extrair as músicas protegidas dos CDs para o formato MP3, que era mais compacto, facilitando a transmissão pela grande rede. Isso forçou a indústria a mudar seu modelo de negócio, visto que a pirataria estava reduzindo os lucros das gravadoras e dos artistas.

Em meio a tantas incertezas e transformações, destaca-se a genialidade de Steve Jobs, fundador da icônica empresa Apple. Ele antecipou a tendência da música digital e lançou o iPod, dispositivo conectado à internet que permitia comprar músicas individuais e não apenas o álbum inteiro. Até hoje, o iPod é apontado como um dos grandes responsáveis pela popularização da música digital transmitida por meio da grande rede.

O tempo passou, e, com o advento do streaming, o serviço de música por assinatura veio para mudar totalmente a forma como ouvimos música. Seguindo o moderno conceito de que “o acesso é mais importante do que a posse”, aplicativos como Spotify, Deezer, Youtube Music, entre outros, oferecem a seus usuários um catálogo com milhões de músicas mediante um plano de assinatura mensal.

Nesse contexto, a música digital tem muitas vantagens, principalmente o fato de que você pode ouvir e, dependendo do aplicativo, ver o seu artista favorito onde você estiver. Para isso, basta ter um celular conectado à grande rede ou, caso não tenha conexão no momento, você pode ouvir as músicas baixadas previamente. Ademais, é possível criar playlists com suas músicas favoritas e compartilhá-las com seus amigos.

Uma outra vantagem desses aplicativos é o sistema de recomendação de conteúdo, tecnologia temperada com inteligência artificial (IA), que recomenda novos artistas e músicas segundo o que ele aprende sobre você. Eu mesmo já descobri muitos artistas desconhecidos do grande público, mas que acharam graça aos meus ouvidos.

Enfim, é indiscutível que a tecnologia é capaz de mudar cultura e comportamento. Entretanto, é necessário refletirmos se tais mudanças trazem apenas benefícios. As melhorias futuras e modernas nem sempre significam que o passado era pior e atrasado.  Já notaram que as músicas estão mais curtas, mais repetitivas e mais simples? Ou, por que não dizer, mais medíocres? O que as tecnologias aqui mencionadas têm a ver com isso? No próximo artigo, vamos discutir esse assunto. Até breve!


Artigo publicado originalmente na coluna Fatecnologia, do Jornal de Jales, no dia 31/03/2024

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!