Tendências Tecnológicas para 2019 (Parte 3)
Nas duas semanas anteriores, escrevi sobre “coisas autônomas”, “espaços inteligentes”, Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA). Finalizando esta série, hoje abordarei outras duas tendências tecnológicas para 2019, de acordo com o conceituado grupo Gartner: gêmeos digitais e blockchain.
Um gêmeo digital é um equivalente digital de um elemento do mundo real, seja um objeto físico ou até mesmo um processo. Criado para se comportar como seu equivalente do mundo real, o gêmeo digital permite ser alimentado com dados originários do seu “irmão real”. Assim, é possível simular condições e extrapolar possibilidades de um produto ou processo antes mesmo de ele existir efetivamente no mundo real. De acordo com Luiz Gustavo Mamede, consultor em digitalização e automação, “O gêmeo digital é um passo a mais no processo de desenvolvimento de modelos. Em vez de você apenas simular, você consegue usar sinais reais do objeto em questão. Quanto mais informações você tiver, consegue desenvolver um gêmeo digital mais robusto”.
Um gêmeo digital robusto implica na criação e na modelagem de produtos e processos buscando constante melhoria, proporcionando redução de custos e maior competitividade às organizações. Uma outra vantagem é a redução do tempo de lançamento de produtos, visto que se economiza tempo ao criar gêmeos digitais focados em simulações e testes de usabilidade, segurança e ergonomia. Larissa Bittencourt, consultora da Bridge Consulting, destaca que “O carro era fabricado e então era testado. Com o gêmeo digital, você cria esse espelho do seu produto real e consegue testá-lo sem gastar material, tempo e dinheiro”. Obviamente é impossível dissociar os gêmeos digitais de tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Realidade Virtual (RV), Realidade Aumentada (RA), Internet das Coisas, entre outras.
Uma outra tendência é a tecnologia blockchain. Trata-se de uma alternativa aos modelos centralizados que geram confiança em operações das mais diversas naturezas. Hoje a confiança é quase que exclusiva de órgãos governamentais, como bancos e cartórios, além de organizações privadas que possuem anuência do Estado. Esse modelo centralizado e altamente dependente do governo gera burocracia, atrasos e aumenta consideravelmente os custos com comissões, taxas, selos de autenticidade e outros elementos da burocracia estatal que envolvem o conceito de confiança. Já abordei nesta coluna como a tecnologia blockchain irá mudar drasticamente os cartórios em um futuro não muito distante. Entretanto, nos dias atuais, essa tecnologia ainda está na infância, o que ainda requer uma série de experimentos a fim de atestar sua eficiência em cenários mais complexos do que a originou: as moedas digitais. Obviamente, empresas e governos investirão tempo e dinheiro para explorar as possíveis aplicações da blockchain, principalmente no aspecto de confiança, visando à desburocratização e, principalmente, à redução de custos.
De fato, vivemos em uma era em que a economia é movida pela informação. As transformações que estão acontecendo são pequenas diante das que ainda estão por vir, visto que sequer imaginamos muitos dos problemas que surgirão nos aspectos ético e social em um futuro não muito distante. Acompanhar as tendências tecnológicas e se preparar para um futuro um tanto imprevisível é questão de sobrevivência para todos os profissionais, principalmente para aqueles que ainda estão em formação nas universidades. É necessário saber que muitas das profissões que hoje possuem considerável importância no mercado de trabalho simplesmente desaparecerão nos próximos anos. Felizmente surgirão outras que sequer imaginamos. É necessário estar preparado. A constante capacitação é a melhor forma de se adaptar a um mundo em constante evolução.
exto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 20/01/2019.
