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Inteligência Artificial e o fim do emprego

Inteligência Artificial e o fim do emprego

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem sido um dos assuntos mais debatidos não somente entre os profissionais de Tecnologia da Informação (TI), mas também entre intelectuais, profissionais de diversas áreas e governos. Usada há décadas como inspiração em filmes, seriados, desenhos animados e videogames, nos dias atuais IA deixou de ser apenas uma ideia para se tornar uma realidade que progride de maneira exponencial em todos os setores da sociedade. Ultimamente a IA está causando transformações silenciosas e preparando outras que certamente impactarão, a médio e longo prazo, toda a civilização nos mais diversos aspectos.

A IA pode ser definida como o estudo e projetos de agentes inteligentes, isto é, sistemas que percebem o ambiente ou contexto em que estão inseridos e são capazes de executar ações visando sempre o melhor desempenho. Assim, a IA não envolve apenas robôs humanoides como nos filmes de ficção, mas também robôs industriais e softwares em suas diversas plataformas. Certamente você, mesmo sem saber, já usou IA direta ou indiretamente, pois, assim como a internet, ela está em todos os lugares, desde jogos eletrônicos e aplicativos móveis como o Spotify até sites como o Facebook e o Youtube.

Recentemente a CB Insights, empresa de pesquisa e desenvolvimento voltada à tecnologia, publicou um estudo que mostra um futuro um tanto catastrófico se considerarmos os números: nos próximos 10 anos, a IA vai simplesmente acabar com 10 milhões de vagas de emprego só nos EUA. Apenas para fazer uma comparação, a crise que durou de 2007 a 2010 deixou cerca de 8,7 milhões de trabalhadores desempregados na terra do Tio Sam. Segundo o estudo, os empregos mais ameaçados pertencem aos setores de serviços e logística: garçons, faxineiros, zeladores, trabalhadores de armazéns, motoristas, operadores de caixa, entre outros.

Os agentes inteligentes estão aos poucos substituindo parcial ou totalmente o ser humano em diversas tarefas, e a tendência, segundo Jim Young Kim, presidente do Banco Mundial, é que, no futuro, cerca de 65% dos empregos do mundo simplesmente deixem de existir. Questionado sobre essa ousada afirmação, Kim afirma que surgirão outras necessidades e, consequentemente, novas vagas de empregos que exigirão novas competências, principalmente relacionadas à inovação. O bilionário sul-africano Elon Musk, fundador das inovadoras empresas Tesla Motors e SpaceX, afirmou em uma entrevista recente o mesmo que Kim e ainda acrescentou que, no futuro, talvez seja necessária uma renda básica global, isto é, os governos deverão prover uma renda básica a todos os cidadãos, visto que não haverá mais emprego. Para Musk, como alguns tradicionais empregos serão desnecessários, as pessoas terão tempo para aplicar-se a atividades mais complexas, relacionadas à ciência, arte, cultura e entretenimento.

Um futuro sem emprego parece algo sombrio e difícil de imaginar. A ideia de que os governos devam ser provedores de uma renda básica a todos os cidadãos em uma sociedade tecnocrata sem emprego sugere um Estado extremamente centralizador, ditador e inimigo da liberdade de expressão, como retratado nas obras distópicas “1984”, de George Orwell, e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. Entretanto, teremos que encarar de alguma forma as radicais mudanças que a IA causará na sociedade nos próximos anos. Certamente surgirão diversas questões políticas, econômicas, éticas e sociais extremamente complexas que teremos de lidar mais cedo ou mais tarde. Estaremos preparados?


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 05 de novembro de 2017.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!