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O WhatsApp pode prejudicar minha saúde mental?

O WhatsApp pode prejudicar minha saúde mental?

O WhatsApp é um dos aplicativos móveis mais populares do mundo. Com cerca de 60 bilhões de mensagens enviadas diariamente, o app possui 120 milhões de usuários apenas no Brasil, o que representa cerca de 8% do total global, que atualmente (03/2018) é algo em torno de 1,5 bilhão.

Na era “pré-smartphone”, já existiam aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp, porém, em sua grande maioria, funcionavam apenas nos computadores. Os usuários precisavam estar lá parados em frente a um teclado e monitor para se comunicar com outras pessoas, ou seja, tinha hora e local para a interação instantânea. Entretanto, após o “boom” dos dispositivos móveis, esses aplicativos começaram a nos acompanhar em todos os lugares, emitindo sons e vibrações para nos alertar de que uma mensagem chegou. Assim, desenvolvemos a capacidade de estar on-line 24 horas por dia, o que, segundo muitos especialistas, pode ser prejudicial à nossa saúde mental.

Em reportagem publicada no site BBC Brasil em fevereiro de 2018, o presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) afirma que ficar on-line o dia todo prejudica o descanso mental, o que pode gerar estresse e desencadear quadros de depressão e ansiedade.

“Os ansiosos tendem a ficar preocupados quando veem uma mensagem e não podem respondê-la de imediato. O assunto fica ocupando seus pensamentos e isso pode prejudicar sua concentração nos estudos e no trabalho”

As pessoas se esquecem de que uma mensagem enviada por meio de aplicativos como o WhatsApp não significa necessariamente uma resposta instantânea. Mesmo que, aparentemente, o interlocutor pareça estar próximo pessoalmente, com o status on-line, nem sempre a resposta virá de imediato. Isso deveria ser óbvio, porém, muitos usuários estão interpretando de maneira exagerada as lacunas, o silêncio e o tempo de espera das mensagens. Assim, é muito comum ouvirmos casos de insegurança, ciúmes e ansiedade envolvendo o WhatsApp. Com o recurso de apagar mensagens, essas questões foram reforçadas, pois muitas pessoas escrevem qualquer coisa e apagam logo em seguida, apenas para despertar a curiosidade ou para tentar emitir alguma mensagem subliminar ao destinatário.

Os ansiosos tendem a ficar preocupados quando veem uma mensagem e não podem respondê-la de imediato. O assunto fica ocupando seus pensamentos e isso pode prejudicar sua concentração nos estudos e no trabalho. Uma outra questão é a ansiedade por resposta imediata. Há casos de pessoas que ficam tão ansiosas que sofrem da “síndrome da vibração fantasma”, isto é, sentem o dispositivo vibrar no bolso da calça, quando, na verdade, ele está sobre a mesa.

Nossa atual cultura permite acessar qualquer tipo de informação e nos comunicar com qualquer pessoa do mundo quase que em tempo real. Conhecemos bem o lado positivo dessa facilidade e velocidade de acesso, mas nos esquecemos do lado negativo: a formação de uma personalidade imediatista e, consequentemente, superficial e intolerante a frustrações. O comportamento compulsivo de muitos usuários de aplicativos de mensagens instantâneas reforça essa ideia.

Precisamos entender que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) devem ser usadas de maneira consciente, para ajudar as pessoas e não para prejudicar. Assim, recomendo que você se livre do “fardo da obrigação móvel”, isto é, você não é obrigado a responder imediatamente todas as mensagens que chegam. Pesquise os recursos de privacidade do WhatsApp e silencie-o total ou parcialmente. Sim, é possível fazer isso! Se você deseja uma resposta imediata, faça uma ligação. É bem melhor do que uma mensagem de texto que não se sabe quando será respondida.

Enfim, reserve um tempo para você! Afinal de contas, é necessário desfrutar de nossa própria companhia para sonhar, pensar e analisar, longe de um mundo conectado, caótico e de notificações sem fim. Sua saúde mental agradece!


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales – coluna Fatecnologia – no dia 11 de março de 2018.

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!