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Crise global e um futuro ainda mais digital

Crise global e um futuro ainda mais digital

Em um mundo extremamente globalizado e tecnológico, a facilidade de circulação de bens, serviços e pessoas permitiu que mesmo as classes de baixa renda tivessem acesso a coisas outrora disponíveis apenas às classes mais privilegiadas. Entretanto, em meio às vantagens advindas da globalização, surgem problemas globais, como a pandemia que estamos vivendo, causada por um vírus que se espalhou rapidamente pelo mundo. Longe de ser “apenas uma gripe”, a COVID-19 (Coronavirus disease 19), nome que a Organização Mundial da Saúde (OMS) atribuiu à doença causada pelo novo coronavírus, é a nova realidade que se impõe para a saúde pública e a economia global. Nesse contexto, marcado pelo caos, incertezas e calorosas discussões ideológicas, a tecnologia tem contribuído de diversas formas.

No tocante à saúde, a rápida sequenciação do genoma do novo coronavírus, que permite o desenvolvimento de testes para detecção de infectados e vacinas, foi possível graças ao estado da arte da ciência e da tecnologia. Além disso, o supercomputador mais rápido do mundo, o Summit (IBM), está sendo usado para executar simulações objetivando encontrar medicamentos que podem ser usados no tratamento da doença. Também é possível encontrar diversas propostas de dispositivos capazes de monitorar a pandemia em tempo real usando a internet das coisas (da sigla IoT em inglês). Há países que monitoram infectados usando o recurso de geolocalização dos smartphones.

 Considerando a segurança alimentar, graças ao uso de sofisticados sistemas de produção e distribuição de alimentos, que incluem fazendas indoor automatizadas, mecanização e automação agrícola, uso de inteligência artificial, complexos sistemas de gestão e outras tecnologias modernas, muitos países não sofrerão com a falta de alimentos, algo que já está preocupando governos de várias regiões do mundo.

A crise global causada pela pandemia do novo coronavírus antecipou o futuro digital que muitas empresas e profissionais imaginavam que aconteceria em 5 anos ou mais.

Também o comércio eletrônico, que apresenta constante crescimento, deverá se beneficiar dessa crise e contribuir para a aquisição de produtos diversos. Isso porque muitos comércios físicos, a exemplo de shoppings, estão com as portas fechadas ou com um fluxo reduzido de pessoas. Ademais, tecnologias como realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV) deverão ser ainda mais adotadas, visto que são capazes de proporcionar experiências imersivas aos seus usuários.

Um outro aspecto que mostra a influência positiva da tecnologia nessa crise é o fato de diversas empresas e profissionais estarem se redescobrindo, visto que estão adaptando processos e modelos de negócio com o auxílio das tecnologias de informação e comunicação (TIC), mantendo seu funcionamento total ou parcial sem comprometer a qualidade dos seus produtos e serviços. É certo que, antes da presente crise, o mundo já caminhava a passos largos para um futuro totalmente digital, em que máquinas substituirão grande parte da mão de obra humana. Ademais, o crescimento de tecnologias disruptivas, como blockchain, serviços de streaming de áudio e vídeo, e a “uberficação” de diversos tipos de serviços causaram mudanças no comportamento e na cultura de consumidores, além de inspirarem ideias inovadoras em todo o mundo.

Obviamente, não sou ingênuo a ponto de acreditar que todos os modelos de negócios e profissões são facilmente adaptáveis a essa nova realidade, mas há muita coisa que pode ser reinventada. Adaptar-se a momentos de crise pode determinar sua sobrevivência. O futuro digital é agora! Como tão bem disse Soren Kierkegaard,“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente”


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 05/04/2020

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!