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Desafios da inclusão digital e social no mundo pós-crise

Desafios da inclusão digital e social  no mundo pós-crise

O futuro digital que muitos especialistas esperavam que aconteceria em 5 anos ou mais foi antecipado devido à pandemia da Covid-19 (Coronavírus disease 19). Diversos empresários, profissionais e instituições de ensino apostam no uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação (TIC) com o objetivo de adaptar processos à dura realidade imposta pela quarentena e distanciamento social. Nesse contexto, surgem novos desafios para as iniciativas pública e privada, muitos atrelados à necessidade urgente da inclusão digital.

A atual crise tem forçado diversos profissionais a adquirirem uma forte cultura digital, reinventando suas profissões e buscando novas oportunidades. Apesar das diversas definições do termo, “cultura digital”, é consenso que, no contexto profissional, está ligado a vários aspectos, entre eles saber onde encontrar informações relevantes para a profissão ou organização, conhecer novas tecnologias e tendências de mercado e estar informado a respeito das mudanças tecnológicas que afetam o ambiente de trabalho.

Entretanto, para as classes menos favorecidas, cultura digital se resume, muitas vezes, a ter um smartphone, manter perfis em redes sociais e utilizar aplicativos de mensagens.

Como poderemos permitir que as classes menos favorecidas e os milhões de desempregados tenham acesso à educação tecnológica, conectividade e cultura digital?

Por ser um smartphone mais barato que um computador, o número de domicílios que possuem acesso à internet exclusivamente via dispositivo móvel cresce a cada ano, segundo estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), referente a 2018. Isso significa que o brasileiro, limita seu conhecimento, prática e acesso a diversas ferramentas de tecnologia pelo celular, não usufruindo, assim, do potencial que o uso dessas pelos computadores de mesa (desktop) ou notebooks pode proporcionar. Ficar limitado a um dispositivo móvel é péssimo em termos de capacitação profissional e educação a distância.

Outro fator que interfere negativamente na cultura digital diz respeito à nossa conectividade. Apesar de o Brasil ter cerca de 70% da população conectada à grande rede, basta uma pesquisa em qualquer ranking de qualidade de conexão para perceber que enfrentamos sérios problemas com infraestrutura e disponibilidade. O brasileiro é refém de péssimos serviços de conectividade, indispensável ao teletrabalho, tão comentado e exigido nos dias atuais.

Diante do exposto, devemos considerar que um grande desafio pós-crise está na inclusão digital que deverá se confundir com a inclusão social. Como poderemos permitir que as classes menos favorecidas e os milhões de desempregados tenham acesso à educação tecnológica, conectividade e cultura digital?

Sim, isso é extremamente importante, pois os empregos do futuro, não apenas no pós-crise, considerando as mudanças disruptivas que já aconteciam antes da atual pandemia, certamente serão definidos pelo mundo digital.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 19/04/2020

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!