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Transformação digital + Transformação cultural

Transformação digital + Transformação cultural

“Era pré-covid”, “novo normale era pós-covidsão expressões que vêm ganhando popularidade no vocabulário de muitos profissionais, considerando o atual contexto de transformação digital iniciado na era pré-covid. Mas o que significa exatamente essa tal “transformação digital”?

Há alguns anos, o referido termo não passava de uma buzzworld, ou seja, uma expressão “da moda”, um termo gourmetpara se referir a alguma tendência. Eu mesmo já li em muitos currículos algo como “profissional com experiência em gestão da transformação digital”, uso às vezes vazio de significado. Hoje podemos definir transformação digital como uma reestruturação contínua de processos e modelos de negócio, que passam a ser fortemente apoiados e/ou viabilizados por meio de tecnologias da informação e comunicação (TIC).

“A transformação cultural, considerando o aspecto tecnológico, diz respeito à adoção de uma cultura digital, ou seja, saber navegar pelos espaços virtuais e, principalmente, utilizar seus múltiplos recursos de hardware e software de maneira contextualizada”

Para tanto, é necessária uma completa mudança em todos os aspectos das organizações, não apenas o tecnológico. Um software gerencial de ponta, um aplicativo móvel e até mesmo um serviço de computação em nuvem nunca serão suficientes para iniciar e sustentar uma transformação digital, que irá refletir em crescimento e sobrevivência de uma organização. Isso se dá pelo fato de que as organizações se constituem, essencialmente, por pessoas. Assim, a transformação digital só é possível se vier acompanhada de uma transformação cultural, expressões que representam um par indissociável.

A transformação cultural, considerando o aspecto tecnológico, diz respeito à adoção de uma cultura digital, ou seja, saber navegar pelos espaços virtuais e, principalmente, utilizar seus múltiplos recursos de hardware e software de maneira contextualizada. Isso exige evolução no perfil das pessoas que fazem parte da organização, motivo pelo qual há cenários em que a transformação cultural seja muito mais complexa do que a digital. Adaptar tecnologias a modelos de processo de negócio é uma tarefa possível; adaptar pessoas a tecnologias, nem sempre.

“Adotar uma cultura digital que transcende a questão tecnológica envolve muito mais do que capacitação em novas tecnologias”

Adotar uma cultura digital que transcende a questão tecnológica envolve muito mais do que capacitação em novas tecnologias. É necessário mudança de mentalidade (ou mindset) em relação a todos os aspectos, visando preparar pessoas para a adoção de métodos e ferramentas inerentemente tecnológicos. Também é preciso desenvolver ou potencializar as habilidades socioemocionais (soft skills), visto que a dinâmica das organizações, seja interna ou externamente, está passando por mudanças permanentes.

Ademais, as  organizações devem adotar uma filosofia de capacitação contínua (lifelong learning), considerando a contratação de um líder de aprendizagem (Chief Learning Officer, ou CLO), que irá definir quais são as novas habilidades que os colaboradores precisam adquirir no contexto do mercado em que a organização está inserida.

No passado, todos, ou pelo menos grande parte dos processos gerenciais e organizacionais, eram exclusivamente executados in loco, agora exigem ferramentas colaborativas que nos colocam em contato direto com clientes, fornecedores e colaboradores a partir de qualquer lugar, por meio da grande rede. No passado, produtos e serviços digitais sequer existiam, hoje eles são o padrão e definem o comportamento dos usuários, bem como os rumos de muitos mercados.

As mudanças são constantes e cada vez mais intensas! Nos últimos anos, principalmente após o grande boom de conectividade ocorrido no início do presente século, o profissional de fato preparado para a transformação digital (sem aspas!) é um ativo valioso para qualquer organização.

Estamos em uma época em que o analfabeto não é aquele não sabe ler e escrever, mas aquele que não possui cultura digital desenvolvida.


Texto publicado originalmente no Jornal de Jales, coluna Fatecnologia, no dia 02/08/2020

Jorge Luís Gregório

Jorge Luís Gregório

Professor e entusiasta de tecnologia, estudioso da cultura NERD e fã de quadrinhos, animes e games. Mais um pai de menino, casado com a mulher mais linda da galáxia e cristão convicto. Gosto de ler ficção científica e discutir tecnologia, filmes, seriados, teologia, filosofia e política. Quer falar sobre esses e diversos outros assuntos? Venha comigo!